As linhas que escrevi do início até meados de 2012 não prometiam muito. Ou prometiam. Mas não aquilo que normalmente se espera: sorrisos, alegrias (mesmo que vazios de significação). Prometiam tristeza e dor. O cenário que a mim se apresentava era nublado demais, indicativo de um ano em que muito seria escrito. Nunca escondi que escrever, no meu caso – e, penso eu, no da maioria dos corajosos – é a forma que encontrei para lidar com a dor.
Mas, em 2012, não escrevi muito. E, não coincidentemente, pouca dor senti. Muito menos por não tê-la encontrado. Talvez por não ter lidado com ela da forma com que lidava até então. Não sei dizer exatamente o que mudou. Mas – é certo! – algo mudou. E muito. Aprendi, arrisco dizer, uma nova forma de olhar e de encarar a minha própria dor.
Antes de confundir qualquer um de vocês, amigos e leitores, explico-me: não deixei minha tristeza de lado. Nem sequer renunciei ao meu direito – irrevogável, vale frisar – de vivê-la como e quando quiser. Muito pelo contrário, consegui – talvez até acidentalmente – absorvê-la e transformá-la de várias outras formas.
No ano passado, com a tristeza, eu amadureci. Mais do que achei que seria possível. E, ao mesmo tempo, me permiti experiências que achava já estar velho demais para viver. Fui adulto e, ao mesmo tempo, criança. Não à toa nunca tive tanta consciência de ser delas, as crianças, o “Reino”. E, por isso mesmo, redescobri o valor e o sabor da amizade. Em faces antigas, já gravadas na memória e no coração, mas também em rostos novos, aliados a um novo olhar sobre a própria vida.
Dessa forma, meu 2012 se encerrou sem perspectivas prévias para 2013. Porque a vida, vou sempre crer, é feita no hoje. O chão da existência é/está aqui – e agora! Não gosto de fazer muitos planos. Minha vida está nas mãos do Eterno. A Ele confio toda a minha existência, todos os meus sonhos. E experimento, com gratidão, o imenso bem que isso me faz/traz.
Ao longo dos últimos anos, muita coisa mudou. Muito se transformou. Uma coisa, no entanto, permanece: minha entrega. Ao Eterno e àqueles que, por meio dele, se me achegam. E, em Amor, me fazem bem…
Isso é Graça! E continuará a ser. Sempre!